Você já percebeu o quanto os preços das coisas mudam com o passar do tempo? Pense no montante de R$1.000 e na quantidade de coisas que você conseguiu comprar com esse dinheiro em 2010. Agora pensa na quantidade de coisas que você consegue comprar hoje com esse mesmo dinheiro. Para entender melhor esse fenômeno, vamos estudar um conceito básico em finanças: o valor do dinheiro no tempo.
- O que é o valor do dinheiro no tempo?
- Por que o dinheiro perde valor com o tempo?
- Valor Presente e Valor Futuro
- A importância de entender o valor do dinheiro no tempo
- Conclusão
O que é o valor do dinheiro no tempo?
Se você pensar no valor das coisas em relação ao tempo, como um celular ou um tênis, conseguimos entender que esses e diversos outros itens perdem valor com o tempo. Será que o mesmo acontece com o dinheiro?
Bem, o dinheiro, diferente da maior parte dos bens, não sofre com a depreciação. Seu valor varia por conta da taxa de juros e de uma característica peculiar dos agentes econômicos, que é a preferência pela liquidez.
Pense em dois cenários hipotéticos:
- Receber R$ 1 milhão agora;
- Receber R$ 1 milhão de forma parcelada em 10 anos.
Você provavelmente prefere o cenário 1 não é?
Isso se dá porque você, assim como grande parte dos agentes econômicos, prefere receber uma quantia agora do que receber a mesma quantia em um tempo mais espaçado. E isso não se trata apenas de uma mera preferência, há de fato uma racionalidade por trás da escolha. Com R$1 milhão agora, você pode investir e multiplicar esse valor – em termos nominais – após 10 anos.
O valor do dinheiro no tempo pode ser resumido, então, na seguinte constatação: o valor de uma quantia em dinheiro hoje vai ser sempre maior do que amanhã.
Por que o dinheiro perde valor ao longo do tempo?
O dinheiro perde valor, basicamente, por conta do aumento da oferta de moeda. Assim como qualquer outro bem, quanto maior a oferta, menos valor ele possui. Ao longo dos anos, tanto o FED quanto o Banco Central do Brasil aumentaram – bastante – a oferta de suas moedas. Isso impulsionou as economias por um determinado momento, mas também gerou inflação. Mesmo a taxa de inflação americana sendo controlada e próxima de 2% a.a., o dólar americano perdeu bastante poder de compra ao longo dos anos:
O Real brasileiro não fica para trás. Apesar de ter controlado a inflação durante a maior parte do tempo, o Real perdeu 85% do seu poder de compra:
Valor Presente e Valor Futuro
É possível calcular o valor presente e o valor futuro de um montante financeiro. Para isso, precisamos saber o período em que estamos avaliando o dinheiro e a respectiva taxa de juros correspondente.
VP = VF/(1 + i)n
VF = VP*(1 + i)n
Onde:
- VP: Valor Presente
- VF: Valor Futuro
- i: Taxa de Juros
- n: Tempo (geralmente em anos)
O valor presente é uma função inversa do valor futuro e vice-versa. Para entender melhor, vamos ver alguns exemplos a seguir.
1) No presente, você possui R$ 100 mil para investir em um título público que paga uma taxa de juros anual de 14% a.a. Quanto você terá daqui a um ano?
VP = VF/(1 + i)n
100.000 = VF/(1 + 0.14)¹
VF = 114.000
Simples, não é? Agora, vamos ver quanto vale no presente um montante de R$ 100 mil investidos a uma taxa de juros de 14% a.a. durante um ano.
VP = 100.000/(1 + 0.14)1
VP = 87.719,2982
Ou seja, simplificando que 14% seria a taxa de juros base da economia, temos que R$ 100 mil daqui a um ano seria o equivalente a R$87.719,2982 no presente.
A importância de entender o valor do dinheiro no tempo
Parece simples entender que o dinheiro perde valor com o tempo, não é?
Acontece que grande parte das pessoas ainda não parecem compreender este fato. Ainda é comum ver comparações entre o preço nominal de um bem em dois períodos diferentes. O preço da gasolina e das coisas no supermercado são um exemplo clássico. Claro, a comparação muitas vezes parte da noção de que estamos mais pobres – o que é verdade – mas geralmente tem-se pouco cuidado em colocar os preços antigos em valor presente, elaborando uma análise incorreta.
Além disso, outro erro comum é comparar salários nominais de épocas diferentes. No Brasil, por exemplo, o salário mínimo nominal em 2005 era menos de R$300. Ainda sim, não é correto afirmar que uma pessoa com o salário mínimo atual, R$ 1.212, cerca de três vezes maior (nominalmente falando) tenha um maior poder de compra.
Conclusão
Portanto, podemos dizer que o fenômeno do valor do dinheiro no tempo é fundamental para todo o campo de finanças. É a base para construção de planos de aposentadoria, planejamento financeiro, contratos de empréstimo e até de modelos de valuation, como o de fluxo de caixa descontado.
No campo econômico, também é importante para estudar a evolução do mercado de trabalho, o comportamento do mercado de títulos e até a variação no poder de compra do consumidor.
Contudo, é importante notar que por conta dos interesses distintos, o tópico é abordado de forma diferente em cada um desses campos. Ainda sim, prevalece a concepção básica caso estejamos falando de um mundo com mercados e taxas de juros positivas. Uma unidade monetária hoje, sempre vai valer mais do que uma monetária amanhã.
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